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Algumas palavras sobre "O Longo Weekend" Desenhei "O Longo Weekend" no início de 1997. No início não tinha uma idéia clara da história. As idéias foram se acumulando na medida em que as páginas eram desenhadas. Quando vi, a história estava feita. Ainda hoje me surpreendo do grau de coerência da mesma. A idéia de trabalhar a história em dois níveis narrativos me veio dos romances de espionagem. Assim, a narrativa começa num momento do presente, quando um infiltrado na CIA é descoberto por seus companheiros de atividade. Após levar um tiro, ele é interrogado e torturado. Na verdade, a história toda acontece na sala de torturas. É aí que conhecemos o passado do protagonista - que leva o nome de Ricardo Gutiérrez em homenagem a um companheiro morto na luta contra os "contras" - e sua participação na guerrilha nicaragüense. A história vai do presente ao passado e volta novamente ao presente para voltar ao passado. É isto que torna a história interessante, na minha opinião. Os leitores podem achar que a história é autobiográfica. Sim e não. Alguns dos eventos - como a viagem a Cuba para treinamento militar e o episódio do gibi - realmente aconteceram. Os outros elementos são ficcionais. Olhando
para o passado - e "O Longo Weekend" retrata esse passado
- não posso deixar de me surpreender ao pensar que houve um tempo
em que a construção de um mundo melhor era uma possibilidade.
Tive a oportunidade de participar de um processo revolucionário
que triunfou. Enquanto outros melhores que eu morreram na dura luta pela
libertação nacional, tive o privilégio de ser testemunha
da vitória. E, mais tarde, como desenhista, a possibilidade de
contar essa história.
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