Nos anos 70 abandonou a universidade, onde fazia o curso de engenharia civil, para lutar contra a ditadura somocista. Na sua passagem de três anos pela guerrilha urbana participou de mais de uma centena de combates, conseguindo se destacar como quadro militar da "tendência proletária" da Frente Sandinista de Libertação Nacional. Foi ferido em combate duas vezes. Teve a oportunidade de participar na Insurreção de 1979, quando a guerrilha sandinista, apoiada por todo um povo em armas, botou pra correr o tirano Anastâsio Somoza. Após a vitória sandinista, Mário passou a formar parte do novo exército revolucionário. Foi nessa época que Ronald Reagan assumiu o poder nos Estados Unidos. Uma nova guerra estava para começar, desta vez contra a águia imperial e os "combatentes da liberdade" que não eram mais que os soldados derrotados de Somoza alimentados e treinados pela CIA. Nesta nova etapa da luta anti-imperialista, Mário também participou. Em 1987, cansado com a atitude de alguns chefes militares que tinham se afastado dos ideais revolucionários, denunciou um esquema de corrupção nas fileiras do próprio exército. O tal esquema envolvia a seu superior imediato. Foi detido e levado à justiça militar sob os cargos de insubordinação ao mando e intento de rebelião. Condenado a quatro anos de cadeia num processo fajuto, viu-se abandonado, desprezado, pelos seus próprios colegas de armas. Para piorar as coisas, seu casamento, terminara. A ex-companheira e seus dois filhos tinham emigrado para Estados Unidos(!). Estando no fundo do poço, o protagonista desta história decidiu fugir. Para isso precisava de documentos falsos e conseguí-los desde a cadeia não era nada fácil. Após vários meses de preparativos Mário, finalmente, fugiu dos seus algozes. Era o dia 26 de dezembro de 1987. De 1987 até 1991 Mário viveu em Brasília, na casa do seu irmão que emigrara para estas terras no ano de 1983. Trabalhou como auxiliar de engenheiro numa firma e treinou tae kwon do. Tornou-se técnico da seleção desse esporte no Distrito Federal, mesmo antes de ganhar a faixa preta. Como treinador levou vários atletas a ganhar títulos de importância, entre elas uma medalha de bronze na Copa do Mundo que acontecera em Sarajevo, no ano de 1991. No ano seguinte mudou-se para São Carlos, no interior de São Paulo. Em 1993 casou-se novamente e, incrível, publicou 2 números do X-Comics, seu primeiro fanzine de quadrinhos. Em 1995 lançou "O Homem do Missouri", uma HQ de faroeste com boa acolhida pela imprensa especializada. Desde 1997 mantém uma coluna de tiras diárias nos jornais da cidade. Para essa coluna criou personagens como "Roberval", "Capitão Trovão e Faísca", "Os Coiotes", "Nick Martins", "Tartuce", "Sargento Rockwell" e a série "O Longo Weekend" na qual conta algumas das suas experiências pessoais. Em 97 prestou vestibular para Letras na Universidade Federal de São Carlos e voltou para as salas de aula. Desde 1998 publica, intermitentemente, a revista GRAPHIQ. Atualmente escreve um livro sobre sua experiência como guerrilheiro sandinista e como militar na luta que nos anos 80 o governo sandinista livrou contra os "contras". Biografia por Al Marat * * Al Marat é estudante de jornalismo e escreve sobre quadrinhos na revista GrapHiQ. |
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