Frank Robbins
Frank
Robbins e seus pincéis mágicos.
Mario
Latino
Nos
longínquos anos 30 eram normais as tiras de aventuras que tinham
como protagonistas pilotos de combate. Já falamos de Terry e
os Piratas e de Steve Canyon. Hoje quero falar de uma tira,
coisa rara naquela época, que foi desenhada por um único
artista desde seu nascimento até o cancelamento da mesma. Estou
me referindo a Johnny Hazard e a seu criador, Frank Robbins.
Frank Robbins nasceu em Boston no ano de 1917 e desde cedo mostrou uma
enorme habilidade para tudo o que fora desenho, pintura ou artes gráficas.
Muito jovem desenhava painéis para a escola em que estudava. Aos
quinze anos ganhou uma bolsa no Instituto Rockefeller, mas teve
que largar os estudos - devido à difícil situação
econômica - para trabalhar em Nova Iorque, numa agência de
publicidade. Estudos e até o desenho ficaram relegados ao esquecimento.
Foi só em 1935, num golpe de sorte, que arranjou a oportunidade
de fazer esboços para os murais do edifício da NBC.
O encarregado do trabalho era o célebre muralista Edward Trumbull.
Não era pouca coisa e o trabalho de Robbins agradou tanto que arranjou
emprego com a RKO Pictures, fazendo pôsteres para filmes.
Era o início de uma longa jornada pela trilha do desenho.
Em 1939 a Associated Press estava em maus lençóis,
pois, desde que Noel Sickles abandonara a tira Scorchy Smith, em 1936,
os sucessores não conseguiam dar conta do recado. O syndicate precisava
de um desenhista que conseguisse manter o estilo vigoroso iniciado por
Sickles e Frank Robbins aceitou o desafio.
O trabalho em Scorchy Smith era tão bom que o syndicate decidiu
fazer páginas dominicais coloridas e Robbins demonstrou que também
sabia trabalhar com cores. A tira conheceu, então, um longo período
de prosperidade.
Parece mentira, mas naqueles tempos desenhistas de tiras em quadrinhos
eram disputados - no tapa - entre os syndicates, cada um fazendo melhor
oferta de salário que o outro. Tudo com objetivo de garantir um
maior número de leitores. Entre esses syndicates o King Features
se destacava como o mais poderoso, - e ainda é- aquele que oferecia
melhores oportunidades, dinheiro e fama. Bem, o King Features Syndicate
fez uma excelente proposta para Robbins. Além do salário,
Frank teria liberdade criativa total assim como controle da história,
tanto nos desenhos como nos roteiros. Assim nasceu a tira Johnny
Hazard, lançada no dia 5 de junho de 1944.
A tira se iniciou com o protagonista, piloto de combate, num campo de
prisioneiros, na Alemanha. Em poucos dias os leitores acompanharam a fuga
do herói e seu retorno ao combate. Para desgraça de Hazard
a guerra acabou logo e o personagem não teve muito tempo para liquidar
alemães e japoneses. Com o fim da guerra, o piloto começou
a voar para os mais diversos lugares do mundo, em aventuras de tirar o
fôlego. Veio, então, a época da guerra fria e Hazard
passou a viver tramas de espionagem e intrigas, como se fosse um agente
secreto, pronto para combater os inimigos do "mundo livre".
Do ponto de vista ideológico a tira era reacionária, sem
dúvida.
Em Johnny Hazard, Frank Robbins misturou a seu próprio estilo
técnicas aprendidas ao observar o trabalho de Sickles e Caniff.
O emprego do claro-escuro era uma constante que foi se acentuando com
o passar dos anos. Mais tarde ele abandonou o uso de modelos fotográficos
e de elementos de referência visual, para trabalhar apenas com a
imaginação.
No início dos anos 70, e como uma forma de aumentar seus ganhos,
Robbins passou a desenhar nas revistas em quadrinhos da DC e Marvel.
Assim escreveu e desenhou títulos como "Batman",
"Capitão América" e histórias de
guerra. Só que aquele estilo maravilhoso de desenhar não
se encaixava com a linha que os editores queriam. Com o tempo, Robbins
parou de desenhar para essas editoras, passando a se dedicar exclusivamente
a Johnny Hazard.
Em 1977, após quarenta anos de dedicação às
HQ, Robbins decidiu cancelar Johnny Hazard. Foi viver no México,
onde se dedicou a sua outra paixão, a pintura. Frank Robbins morreu
no ano de 1997.
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