Scott Adams

O verdadeiro rosto por trás do Princípio Dilbert

Jaime Bernard

Faz 12 anos que Scott Adams desenha a tira de Gilbert, na verdade um olhar irônico sobre o mundo da burocracia empresarial. De lá para cá essa tira tornou-se uma das mais lidas do mundo, deu lugar a mais de uma dúzia de livros e a uma série de TV. Contudo, Adams não esquece que tudo começou com uma simples tira diária para jornal.
A infância de Adams, como a de tantos outros artistas de comic strips, foi marcada pela vontade de desenhar e ler gibis. Seus favoritos eram Homem-Aranha, Super-Homem, Os 4 Fantásticos e, em especial, as tiras de Charlie Brown e Broom-Hilda.

Mais tarde foi para a escola e fez carreira como funcionário do Crocker Bank. Adams detestava seu emprego e, como uma forma de escapar do tédio que o rodeava, começou a criar uma tira que tinha como protagonista um medíocre funcionário de escritório chamado Dilbert.

Dilbert era um apanhado de todos os defeitos que Adams via nos seus companheiros de labuta. Mais tarde apareceu Dogbert, criado inicialmente para interagir com Dilbert. O resto do elenco estava formado por personagens ocasionais.

Boa parte das experiências de Dilbert são as do próprio autor. Alice, a engenheira, é totalmente baseada numa colega de trabalho, a única mulher num grupo de engenheiros da PacBell. "Ela era rude e agressiva e, nesse meio, como poderia ser de outra maneira?", reconhece o cartunista. Já Wally é a cópia exata de um companheiro de sala. "Ele queria sair da empresa para montar seu próprio negócio, mas não queria pedir as contas para não perder o dinheiro da rescisão do contrato. A única saída para ele era a demissão. Por isso era indolente, o pior trabalhador que já vi", esclarece. No chefe (The Boss), Scott preocupou-se em reunir as piores características de todos os chefes que passaram por sua vida: inveja, burrice, ignorância.

Por incrível que pareça, Dogbert reúne as características de um amigo com as de sua cadela de estimação, uma beagle, que morou com ele por 14 anos. "Nunca atendia quando era chamada. Ela acreditava que eu estava lá para seu entretenimento". Já a mãe do Dilbert é muito parecida com a do próprio Adams.

Nos primeiros anos da tira, Dilbert não parava muito no emprego. Isso mudou quando Adams colocou seu e-mail à disposição dos leitores. Essa iniciativa, a primeira nas tiras distribuídas pelos syndicates, trouxe toneladas de e-mails sugerindo que as histórias fossem mais orientadas para o ambiente da repartição.


Pode parecer estranho, mas Adams garante que tem dificuldades para desenhar Dilbert e Dogbert, as personagens principais da história, ao passo que Wally, com suas feições arredondadas, é de longe o mais fácil de todos para o desenhista Entre as personagens que não deram certo estão Liz -que seria a garota do Dilbert-, Ming e o dinossauro Bob.
Enquanto outros cartunistas começam a ficar animados quando seu trabalho chega a ser distribuído para 200 jornais, Adams só se sentiu seguro quando a tira atingiu a marca de 1000. A publicação dos livros foi um grande passo na popularização da série e alguns deles estiveram semanas no topo da lista dos mais vendidos.

Entre suas influências como cartunista, Adams cita Schulz -pela simplicidade de linhas e pouca preocupação com o background, priorizando diálogos e personagens-, Gary Larson (The Far Side) e Berke Breathed (Bloom County).

A rotina de trabalho de Scott Adams mudou muito com o tempo. O criador de Dilbert tem, hoje, que se desdobrar para tomar conta do desenho animado para TV, dos livros e o projeto de um filme que está se concretizando. Tudo isso sem esquecer de fazer a tira diária para os jornais, a qual também é publicada na sua homepage. É uma dura jornada para alguém que começou a desenhar para fugir do dia-a-dia melancólico de uma repartição.


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