Robert Crumb

O mestre do quadrinho underground

Mario Latino

Robert Crumb nasceu em Filadélfia em 30 de Agosto de 1943. Aprendeu a desenhar sozinho e aos treze anos já fazia suas próprias publicações amadoras, que circulavam entre os amigos. Nelas já figurava um personagem que mais tarde seria conhecido como Fritz the Cat.

Com 20 anos Crumb foi para Cleveland onde trabalhou em uma empresa que fazia cartões postais. Animado com essa sua primeira experiência profissional, passa a colaborar com a revista Help da editora Warren. Era uma revista, na mesma linha da Mad, que não durou muito tempo.

Em 1966 mudou-se para São Francisco, que vivia o turbilhão do movimento hippie e tudo o que isso significou. A geração norte-americana dos anos 60 lutava, a sua maneira, contra o establishment e essa luta teve diversas manifestações como o movimento hippie, os protestos contra a guerra do Vietnã e a ocupação das universidades. Esse espírito rebelde chegou às artes. Literatura, música, teatro, pintura e quadrinhos refletiram o profundo questionamento dos jovens contra o “american way of life”. Coisa similar aconteceria nas barricadas de Paris em 68. Nessa mesma época um pequeno contingente de revolucionários chegava ao Ñancauhazú para iniciar um núcleo guerrilheiro. Liderava aquela expedição o lendário Ché Guevara. Bem, como sabemos, o sonho durou pouco e aquela geração de contestadores foi, infelizmente, esmagada pelos Johnsons, Nixons, Carters e Reagans da vida. Com eles a ressaca, o sabor amargo.

Talvez me tenha estendido um pouco, mas essa análise do momento histórico é importante para entender como era o clima quando Crumb chegou a São Francisco.

A indústria dos quadrinhos passava por um período morno e os jovens quadrinistas que estavam na cidade queriam fazer algo diferente, diametralmente oposto ao que o sistema oferecia. Algumas revistas underground circulavam por aí. Eram edições artesanais com tiragem limitada e, quase sempre, feitas em xerox. E se identificavam como “comix”. Crumb começou a colaborar com a mais famosa revista underground da época, Zap Comix. Logo estava colaborando com outras como Uneeda, Big Ass, Motor City Comics e Snatch. De cara a temática era totalmente diferente. Assuntos como drogas, sexo grupal, anarquia, pornografia, política e terrorismo eram abordados de maneira ousada e até provocadora. Como é natural, escandalizou a todo mundo. No nº 4 de Zap Comix abordou o incesto. Foi processado e condenado por obscenidade.

Assim nasceram figuras imortais do comic underground como White Man, Angelfood Mc Spade, Yetti e, por suposto, Fritz the Cat. Crumb ainda criou Mr. Natural, Flankey Foont e Schumam the Human.

O estilo de Crumb se diferenciava de qualquer outra coisa que tivesse sido feita antes. A linha nervosa misturava-se com as hachuras, que eram utilizadas até o exagero. A primeira vista davam a impressão de uma arte suja. Um exame mais detalhado revelaria que este tipo de “sujeira” era proposital. Se bem Crumb era um autodidata, tinha bebido em outras fontes. Elsie Segar, Carl Barks, Basil Wolverton e George Herrimam eram algumas delas.

Por seu estilo e temática, Crumb é um dos desenhistas modernos mais pirateados no mundo. Centenas de revistas publicaram e continuam publicando seus trabalhos, sem pagar um mísero tostão.

Nos anos 80 Crumb afastou-se para morar numa fazenda e tocar música country. Recentemente saiu do exílio auto-imposto e publicou um trabalho sobre Kafka que recebeu os elogios da crítica. Atualmente mora na França.



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