Al Williamson
O
mestre quase esquecido dos quadrinhos.
Mario
Latino
Quando
se mencionam os artistas clássicos na história das HQ pensamos
em Foster, Hogarth, Caniff, Stan Drake, Eisner e Kirby. O nome de Al Williamson
fica relegado a uma segunda categoria. O que não deixa de ser uma
injustiça monumental, tamanha a qualidade da sua obra.
Williamson nasceu em Nova Iorque em 1931 e passou parte da sua infância
na Colombia, lendo revistas em quadrinhos que vinham do México.
Assim entrou em contato com Flash Gordon e seu criador, Alex Raymond.
Impressionado pela elevada qualidade gráfica desse clássico
das histórias em quadrinhos, Al Williamson decidiu ser desenhista.
Voltou a Nova Iorque e se matriculou na Escola de Artes Visuais
de Burne Hogarth. Estudar com Hogarth não era fácil, pois
este tinha um temperamento irascível. Para piorar as coisas, Williamson
estava influenciado pelo estilo de Raymond e Hogarth queria impor o seu
próprio. Apesar das dificuldades Williamson terminou o curso.
Trabalhando
para a EC
Como
desenhista profissional, Williamson começou sua carreira desenhando
as páginas dominicais de Tarzan para seu ex-professor, Burne
Hogarth. Mais tarde foi trabalhar na EC - do célebre William
Gaines - em histórias de horror e ficção-científica.
Para então já tinha conhecido o trabalho em preto e branco
de artistas como Joseph Clement Coll, Daniel Vierge e Edwin Austin Abbey,
todos eles ilustradores do período clássico. Foi a época
das parcerias geniais com Reed Crandall, Frank Frazetta, Roy Krenkel,
Angelo Torres e Wallace Wood. Naquele ambiente criativo Williamson teve
a oportunidade para deixar a solta todo seu talento artístico.
Tinha um traço elegante e solto, que lembrava o de Raymond. Mas
o forte dele era uma diagramação inovadora que rompia com
o clássico esquema de "janelinhas" fazendo que um quadrinho
entrasse em outro. Utilizava muito o quadrinho "sangrado" (aquele
em que não há enquadramento) assim como a retícula
Ben Day conseguindo uma gama variada de tons. O resultado era espetacular.
Após
trabalhar na EC, Williamson foi para a Marvel, onde desenhou
histórias de faroeste. Em maio de 1960 foi trabalhar como assistente
de John Prentice na tira Rip Kirby. Com Prentice, Williamson aperfeiçoou
seus métodos de trabalho.
Em 1964 voltou a trabalhar para revistas em quadrinhos na editora Warren.
Ainda fez a tira Dan Flagg, que levava a assinatura de Don Sherwood.
Em 1966 realizou o sonho da sua vida trabalhando em Flash Gordon.
Foi um trabalho tão bonito que o King Features Syndicate
o chamou para substituir Bob Lubbers no Agente X-9. O
Agente Secreto Corrigan
A
tira Agente X-9 era uma criação de Alex Raymond que,
com o passar dos anos, tinha perdido todas as características originais.
Precisava, pois, de uma urgente reformulação. Williamson
chamou para trabalhar com ele o roteirista Archie Goodwin, seu parceiro
da Warren. A dupla Williamson/ Goodwin começou esta reformulação
mudando o nome da tira para Agente Secreto Corrigan. No início
mantiveram o mesmo visual do Lubbers, mas aos poucos, o traço de
Williamsom foi tomando conta da tira. Williamson soube unir a influência
que tinha de Raymond a todo o que tinha aprendido durante esses anos.
A tira reformulada agradou desde o primeiro momento.
Williamson sentia que podia dar mais e, liberando-se da influência
de Raymond, aprimorou seu domínio do claro-escuro. Ele conseguiu,
trabalhando no espaço limitado da tira, expandir os quadrinhos,
jogando um contra outro. O resultado foi mais que espetacular.
Com o passar dos anos a dupla Goodwin/Williamson foi se cansando das narrativas
policiais e acabou levando o personagem para a aventura fantástica.
A transição não alterou a qualidade visual da história,
chegando a atingir um patamar poucas vezes alcançado por uma tira
em quadrinhos.
Em 1980, após 14 anos desenhando a tira, e motivado por desentendimentos
com o King Features Syndicate, Williamson parou de desenhar Agente
Secreto Corrigan.
Entre 1981 e 1984 o desenhista trabalhou com Star Wars em tiras
diárias e páginas dominicais. Esse foi seu último
trabalho de renome.
Mais tarde voltou fazendo arte-final para Curt Swan. Na década
de 90 começou a entintar regularmente para a Marvel, tendo
ganhado inúmeros prêmios desde então pela qualidade
demonstrada nessa área específica da arte das histórias
em quadrinhos.
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